Dicas e macetes para Declamar Poesias
DECLAMAÇÃO DE POEMAS
A poesia é uma das mais completas formas de expressão artística.
Ela nos fala de sentimentos, de acontecimentos, de pessoas, de lugares, enfim nos fala de conhecimentos.
A declamação é a verbalização ou interpretação da poesia, ou seja: o declamador dá voz ao autor da poesia.
Ao pretender declamar, uma pessoa tem que tomar alguns cuidados, sem os quais corre o risco de cometer erros, que podem comprometer a qualidade artística de seu trabalho.
ESCOLHA DO POEMA
O primeiro cuidado que o declamador deve ter é com relação à escolha do poema. Se o mesmo estiver na 1ª pessoa do singular ou do plural, deve ser compatível com a situação do declamador: sexo e idade.
COMPREENSÃO
O declamador deve compreender perfeitamente o que está dizendo, isto é conhecer o poema, saber o que significa cada termo do poema, bem como sua correta pronúncia. Também dever entender a pontuação, para poder fazer as pausas adequadamente. É comum ver-se um declamador recitando um poema verso a verso, quebrando o sentido da frase, ou da expressão.
MEMORIZAÇÃO
Memorizar um poema, não é apenas decorar os seus termos. È recomendável que a memorização ocorra simultaneamente com a interpretação. Outro detalhe importante é a memorização gradual, ou seja, memoriza a 1ª estrofe, depois a 2ª, antecedida da 1ª, depois da terceira, antecedida da 1ª e das 2 ª e assim sucessivamente. A tentativa de memorização simultânea de todas pode ocasionar o esquecimento de parte de parte e daí não saber como continua.
POSTURA CÊNICA
Por postura cênica entende-se a gesticulação que deve acompanhar a recitação do poema. Os gestos não devem ser muitos, nem exagerados, devendo ser coerentes.
INTERPRETAÇÃO
É na interpretação que o declamador tem a oportunidade de mostra a sua arte. A interpretação deve ser comedida, porém não pode ser pobre.
IMPOSTAÇÃO DE VOZ
Impostação de voz é do que a interpretação de um poema, sob o aspecto da voz. Deve ser observado com muito cuidado o texto, para não se dramatizar passagens neutras, ou não apresentar de maneira neutra passagem dramáticas.
IDENTIFICAÇÃO DO POEMA
Necessariamente tem de ser indicados o nome de seu autor e o titulo do poema , antes de iniciar a declamação. Porém não os dizer já declamando.
AGRADECIMENTO
Alguns declamadores ao terminar sua interpretação acrescentam agradecimentos ou a expressão!”Tenho dito”. Não cabe. Para indicar que terminou sua recitação o declamador deve usar um pequeno estratagema, que pode ser diminuir o tom da voz, levantá-lo, se couber, fazer um gesto de cabeça ou de mãos.
“A poesia para mim é uma segunda pele...declamar é vida “
Nara Elizene Porto Alves - Declamadora
http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1250846
A Morte do Brigadiano
Autoria: Dimas Costa
Houve o tempo em que a "folha"era a arma respeitada,
pois assim era chamada
a espada do brigadiano.
E nas pendengas do pago,
quando a indiada se atracava,
muitas vezes ele cantava
no lombo de algum paisano.
E ele era desse tempo,
cabo velho e veterano.
Curtiu muito desengano
como praça da "Milícia'.
Mas teve um dom já de berço:
mostrando desde menino,
que Deus lhe dera um destino,
nasceu para ser polícia!
Pequenito já brincava
nas guardas da molecada;
fez uma farda inventada
com uns trapos velhos de brim.
Duma tala de coqueiro
fez sua primeira espada
e organizou com a gurizada
uma brigada mirim.
Quando fez 18 anos foi cumprir a sua sina:
entrou pra "Guarda Assassina",
como era, então, chamada.
E que orgulho sentiu
quando alcançou o que sonhara,
no dia que lhe entregaram
uma farda desbotada!
E seguiu a vida afora
marcheteado com a sorte.
Cruzou ferro com a morte
em muita pegada feia.
Empunha a lei com bravura,
brincando até com o perigo, e
levou muito inimigo
para o fundo da cadeia!
Mas era bom e honesto,
embora pobre e judiado!
Vivia sempre apertado
com o magro soldo de então.
Sonhava, às vezes sorrindo,
apenas por puro afeto,
pois jamais, analfabeto,
chegaria a Capitão.
E como foi massacrado
nos tempos do preconceito!
Ser brigada era defeito
que pesava como um mal!
Pois todo o índio polícia
era, sim, considerado,
como indivíduo afastado
do meio ambiente social.
E um dia juntou os trapos
com uma moça brasileira.
Gaúcha bem verdadeira,
mulher pobre, honesta e boa!
Que sofreu resignada
daquele tempo a malícia,
quando a mulher de polícia
era chamada de à toa"
Mas enfrentaram o destino
unidos num amor profundo!
E peleando com o mundo,
foram passando os anos.
Eram bons, eram benquistos,
entre vizinhos e amigos,
e tinham poucos inimigos,
apesar de brigadianos.
Já estavam quase aos quarenta
quando Deus lhes deu um filho.
Trazendo um novo brilho
para o lar entristecido.
Mas o velho brigadiano
era um exemplo de bom;
pois Deus lhe dera o dom:
ser bom pai e bom marido!
Foi num dia em que o filho
estava cumprindo anos.
Os pais, garbosos, ufanos,
estavam com a alma em festa!
Juntaram uns restos de trocos
do soldo que mal cabia,
para fazer, nesse dia,
uma festinha, modesta...
E quando a mãe fez o bolo,
com uma velinha, enfeitado,
o gurizito, encantado,
dava pulos na cozinha.
É o bolo de aniversário,
dizia a mãe, com carinho,
e os olhos do gurizinho
brilhavam mais que a velinha!
E o cabo velho, sorrindo,
se tocou lá para a venda,
fora buscar a encomenda:
meia dúzia de Gasosa.
E recebendo um abraço,
o brigadiano, faceiro,
com o amigo, o bolicheiro,
ficou tirando uma prosa...
Foi quando entrou no boliche
o mulato "Carniceiro";
um tipo mui bochincheiro,
que já vinha embriagado.
Não gostava de polícia
e ao ver ali o brigadiano,
foi logo puxando pano
pra uma encrenca com o soldado...
Pegou no copo de canha e
disse: bebe milico!
E o Cabo velho, xomico,
que não queria pendenga,
foi saindo de mansinho,
se lembrando do menino,
mas o mulato, assassino,
foi sacando da xerenga ...
Foi tudo tão de repente,
que nem se explica o sentido;
o bandido, enfurecido,
como um louco, o desalmado,
sem que mesmo o bolicheiro
pudesse evitar o mal,
espetou o policial
que caiu ensanguentado!
E à noite, naquele rancho
onde haveria alegria,
uma mãe, triste, se ouvia
chorando, desesperada!
Era a sorte negra e injusta
que quase sempre culmina
a triste e amarga sina
duma mulher de brigada!
E o filho, ainda bobo,
sem compreender a razão,
ao ver o pai, no caixão,
terminando o seu calvário,
batendo palmas, dizia,
- inocente, o pequenito -
"Como papai tá bonito,
festejando o aniversário!"
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O Cavalo Crioulo e o Soneto | |
Vasco Mello Leiria
Lombo liso, o pescoço bem plantado
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Romance de Campo e Mar
Autoria: Moises Silveira de Menezes
Quem embarca em barco alheio
embarca anseios e medos,
abarca sonhos nos braços
que lançam redes ao mar
buscando nesta labuta
garantir o pão na mesa,
onde a luz da lamparina
ilumina rostos tristes,
todos crentes na esperança
de um dia ter vida boa
e talvez saber que o fim
é o sem fim azul do mar
Para quem mira de longe
parece um frágil caíque
o barco que abarca um mundo
que embarcou no continente.
Sarandeia sobre as ondas,
por ora em suaves meneios,
por outra quase soçobra
em tremendo corcoveio,
mas no leme, rédea firme
Juvencio com tino e rumo
na sobre vida dos tombos
Campeiro vindo de estância
do mar verde da campanha,
uma espécie de marujo
não vê muita diferença
entre o lombo dos ventanas
e esses barcos araganos
que buscam na faina diária,
além de ricos cardumes,
respostas prás inquietudes
e talvez chegar ao fim
do sem fim azul do mar
Juvencio é um desses tauras
que vieram do mar da pampa
tentar a sorte embarcado
nesses barquitos pesqueiros.
Quem outrora marcou, curou,
quebrou corincho de potros
hoje garimpa garoupas,
bagres, tainhas gavionas...
se equilibra sobre as ondas
quem antes se enforquilhava
num maula que levitava
por sobre as ondas do pasto
Quem domou xucro em Santana
e gineteou nas "criollas",
tenteou traíra em Rio Negro,
fez presença em Vacaria,
não respeita o mar por grande
mas teme o desconhecido.
Juvencio se aferra ao leme
E lembranças passageiras
dos mistérios do Jarau,
de tirotear com gerdames,
compõe um mundo pequeno
antes o reino de Netuno.
Nas ondas crespas do mar
o barco navega suave
buscando vida e sustento.
Há uma quietude que inquieta
quem se aventura na lida
no imenso reino marinho,
onde o peixe é garantia
de quem precisa sonhar,
prá alimentar outros sonhos
e amenizar esta angústia
de nunca chegar o fim
o sem fim azul do mar.
No lombo de um baio ruano
que ondeava por sobre pastos
numa "criolla" a lo largo,
entendeu assim de pronto
que o sem fim verde do campo
terminava no alambrado,
mas no leme de um pesqueiro
num reino sem aramados
a liberdade é completa
e o fim do seim fim do mar
é o começo "por supuesto"
do seim fim azul do céu.
Querências Amigas | |
Paulo de Freitas Mendonça e Jose Curbelo Em Rivera e Livramento
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Negrinho do Pastoreio |
Chico Ribeiro
A mão da noite fechara
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Bandeira Gaúcha
Jurema chaves
Meu nome é...
Sou uma prenda mirim,
Gosto de viver, assim,
Cultuando a tradição;
As glórias do meu rincão,
Que tem belezas sem fim.
E digo, nestes meus versos,
O que tu és para mim.
Rio Grande, com muito orgulho,
Sou tua representante,
Não esqueço, um só instante,
Tudo que devo a esse chão;
Aqui, no meu coração,
Brilhas mais que um diamante;
Meu coração de criança
Te ama, como um gigante.
Aqui, nesse altar pampeano,
Aprendi esta oração,
Pedindo pra o meu rincão
Paz, amor, fraternidade;
Ao Parão, lá do infinito,
Que sempre reine a bondade,
Que no meu pago gaúcho
Brilhe, sempre, a liberdade!
Ao nascer trouxe comigo
O amor pelo meu pago,
Aqui no meu peito trago
As tradições da querência;
Amando, com eloqüência,
Rio Grande do mate amargo,
Onde mora o minuano,
Que vem me fazer afagos.
Esse ventinho maleva,
Que desmancha meu cabelo,
Preso com tanto desvelo,
Num lindo tope de fita;
Eu sou prendinha bonita,
Nas festas sou sinuelo;
Pela paz do meu Rio Grande
A Jesus faço um apelo.
Me ajoelho, Patrão Santo,
Agradecendo esse amor,
Na inspiração do cantor
Que te canta, em prosa e verso;
Pelo encanto do universo,
Pelo perfume da flor,
Pela bandeira gaúcha,
Que defendo com ardor !
Odilon Ramos E aqui estou eu meu gaudério
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APARIÇÃO
Dimas Costa |
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Eu vi, sim, Nossa Senhora
descer, descer, inda agora, das pontas daquele cerro... Foi milagre!!! Foi milagre!!! Pois naquele instante se ouvia uns toques de Ave Maria nos badalos de um cincerro. Meu Deus! Meu Deus, que ventura! A virgem era tão pura, tão bonita, tão bonita! E não vinha, não, com luxo, com retoço assim de nobre, vinha simples, vinha pobre, toda vestida de chita! Parecia a chinoquinha, com perdão do bom Jesus! Na fronte trazia a cruz das estrelas do Cruzeiro. Desceu, de manso, na várzea, cercada de pirilampos e atravessando esses campos foi sumir-se no potreiro... Milagre! Milagre, eu vi! Ninguém quis acreditar! É só porque eu vim contar do jeito mesmo que a vi: se eu mentisse, se eu dissesse, que ela estava entre tesouros, coberta de ricos louros, não diriam que eu menti! Acham graça, quando eu falo, zombam de mim, eu bem sei! A ninguém mais por direi, que enxerguei Nossa Senhora... Naquela várzea bonita toda vestida de chita descer, descer inda agora. Eu vi, sim tenho certeza e que alegria me deu! pois a mãe de Deus, como eu é simples e não tem luxo e lhes digo com franqueza, sem vaidade ou heresia decerto, como Maria Jesus também é gaúcho! |
BRUXINHA DE PANO
Dimas Costa |
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Nana filhinha
Dorme meu bem Mamãe ta solita E o bicho aí vem Minha bruxinha de pano, Foi feita pela vovó, Formada de um pano só, Mas tem boca e tem nariz. Quando eu a nano nos braços, Eu me sinto uma mãezinha, É tão linda minha bruxinha, Que eu me sinto feliz. Sapo cururu, na Beira do rio, Nana essa bruxinha, Que ela ta com frio. Quem disse que uma bruxinha Não tem alma, Ela tem. |
GAÚCHO LARGADO
Dimas Costa |
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Olhem só para o meu jeito
e o meu lenço sobre o peito. O meu chapéu sobre a nuca com jeito de desaforo. Provoca até as morenas para iniciar um namoro. E quem me vê deste jeito há de dizer lá de lado: Oigatê guri metido, que gaúcho debochado. E se monto num cavalo sendo potro redomão, não caio...e se cair, não passo nunca do chão! |
A GAUCHINHA
Dimas Costa |
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Vejam só esta gaúcha Se não é um monumento. Não riam se sou pequena, Tamanho não é documento. Porque eu serei rio-grandense, Sempre onde quer que ande. Pois até sou mais gaúcha Do que muita gente grande. |